Artistas
Nelson Miranda
Nelson Miranda
Pela primeira vez a Galeria Adorna Corações apresenta um panorama de imagens resultante de uma pesquisa de seis anos de trabalho de um só e mesmo artista.
Porque uma exposição também pode ser uma dissertação literária, convidamos o nosso público a viajar pela reflexão do conservador, crítico e diretor artístico François Cheval (Fr) à volta do percurso e do imaginário de Nelson Miranda.
De 4 de Julho a 4 de Setembro.
É por fragmentos que Nelson Miranda se exprime. Nós somos, a cada vez, transpostos para lugares cuja coerência, num primeiro tempo, nos escapa (Fundação Lar do Emigrante Português no Mundo. 2016-2019). A singularidade do discurso tem que ser procurada na junção de fragmentos de imagens, no equilíbrio da dispersão e da coesão. O olho/câmera move-se de imagem em imagem, das quais terá que ser o espectador a recriar, por intervalos sucessivos, a lógica da narrativa. E pouco importa se, por vezes, se omite a articulação! No fim da ortodoxia da narrativa fotográfica, a descontinuidade é o sal da escrita de Nelson Miranda.
Com uma constância renovada, o autor convida-nos a experimentar a vacuidade. Ou como a história da arquitectura revela a alma de uma nação, o seus sobressaltos e as suas contradições, uma história de esvaziamento (Riba de Ave. 2015-2017).
A geografia do capitalismo inscreve nos seus mapas um percurso idêntico de despojos industriais, de terrenos baldios, de lugares cuja identidade se perde nos relatos de bancarrota e de falências. Algumas informações essenciais fornecidas pelo fotógrafo informam-nos sobre a natureza dos lugares. O vazio impõe-se de imediato (Paisagem Velada. 2013-2016). A economia pós-agrária esvaziou-se e esvaziou da sua substância tudo o que ela soube criar. Ela mutila-se e esquece-se voluntariamente. Não se respeita a si própria, tal Cronos devorador, deixando à fotografia a missão de organizar o luto e
o apelo à reflexão, ao abrandamento e ao abandono.
O encontro dissonante de fragmentos de imagens exprime um intenso interesse pelo interstício e na suposta «cultura visual» do espectador capaz de os ligar. O espaço entre cada imagem é uma liberdade concedida ao espectador, uma indeterminação que apela ao sentido crítico que, esperemos, só nos poderá levar à lucidez.
Nelson Miranda tem essa rara qualidade, a lucidez de um investigador. Ele trespassa as cenas com uma luz reveladora. (O Espaço Duplicado. 2014-2016). A fotografia é um bisturi. Ela corta e disseca. Partilha com a anatomia a ciência do corte e do exame!
O enquadramento da fotografia é uma cena de crime, do qual somos testemunhas, chamados a não nos afastar. É a razão pela qual todos os espaços do Nelson Miranda são a imagem de um teatro de acontecimentos dramáticos, de pequenos fins do mundo, uma autópsia de uma crise final.
Seguindo as orientações da Direção-Geral de Saúde, para segurança de todos e proteção da saúde pública, só será permitida a entrada a 5 pessoas em simultâneo e o uso de máscara é obrigatório. Agradecemos a sua compreensão e colaboração.
Nelson Miranda (Portugal, 1979)
Licenciado e Mestre em Arquitetura (FAUP, Porto). Em 2011 inicia um percurso de autor na área da fotografia, focado principalmente na documentação de objetos e paisagens do território construído, e começa a expor em 2013.
O seu trabalho tem vindo a ser alvo de crescente curiosidade, tendo sido selecionado para diversos projetos expositivos e editoriais, dos quais se distinguem:
“A story here to stay”, livro de artista com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (em preparação);
“Diversidade – Investigação” - XXI Bienal Internacional de Arte de Cerveira (PT, 2020);
“Lugares de Memória” - Contextile - Bienal de Arte Têxtil Contemporânea (PT, 2020);
“Fotonoviembre” - Bienal Internacional de Fotografia de Tenerife (ES, 2019);
“Discovery Awards 2019” - Encontros da Imagem - International Photography and
Visual Arts Festival (PT, 2019);
“Mirror Land” - Batumi Photodays (GE, 2019);
“Festival Circulation(s)”, direção artística de François Cheval e Audrey Hoareau (FR, 2019);
“Riba de Ave” - MIP – Mês da Imagem do Porto (PT, 2019);
“Reclaiming Our Future” - Reclaim Photography Festival (UK, 2018);
“The Print Swap” com curadoria de Alexa Becker (Galeria Berlin Blue Art, Berlim, DE, 2018);
“Fundação Lar do Emigrante Português no Mundo” com curadoria de Vera Carmo
(Espaço Campanhã, Porto, PT, 2017);
“Duplicado” e “Territórios” com curadoria de Estefânia R. de Almeida
(Galeria Adorna Corações, Porto, PT, 2016 e 2014);
“Visual Narratives: European Capital of Culture Guimarães 2012” (FAUP, Porto, PT, 2013).
O seu trabalho está representado na coleção pública do Centro de Fotografía TEA
(Espanha) e em coleções privadas, nomeadamente na Alemanha, Espanha, EUA,
França, Portugal, Reino Unido e Suíça.
François Cheval (França, 1965)
Vive e trabalha em Chalon-sur-Saône, França. Formado em História e Etnologia, François Cheval trabalha como curador de museus desde 1982. De 1996 a 2016, dirigiu o Museu Nicéphore Niépce em Chalon-sur-Saône. Desde então foi curador de exposições no Mucem para Marselha-Provença 2013, no Pavillon Populaire em Montpellier, no PHotoESPAÑA, Kyotographie e no Rencontres d’Arles.
Co-fundou e co-dirigi o Museu de Fotografia de Lianzhou, o primeiro museu público na China dedicado à fotografia. Em 2016, fundou The Red Eye com Audrey Hoareau, uma organização independente de apoio a projectos fotográficos que, entre outras coisas, foi responsável pela direcção artística do festival Circulation(s).
Gratuito
Segunda feira
Encerrado
Terça Feira
Encerrado
Quarta Feira
Encerrado
Quinta Feira
Encerrado
Sexta Feira
14:00 - 20:00
Sábado
14:00 - 20:00
Domingo
Encerrado
24/01/2021 21:51 hora local
Rua do Rosário 147, 4050-381 Porto, Portugal
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